sexta-feira, dezembro 16

Memórias curtas - BOAS FESTAS




Para todos um abraço e votos de


BOAS FESTAS


A melhor chama natalícia é aquela que aquece o nosso espírito e o daqueles que, na noite do caramelo, connosco partilham o calor emanado do madeiro a arder em silêncio no adro das nossas aldeias.


Como prenda de Natal para todos os que já ganharam o hábito de por aqui passar à procura de novidades e principalmente para os que através dos comentários revelam preocupação para comigo pela falta delas, deixo este postal do madeiro dos Toulões e um delicioso "bronhuelo" (penso que é a forma de dizer broa de mel na nossa fala) amargo-doce confeccionado com a sensibilidade de David Mourão-Ferreira.


Natal, e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.