quarta-feira, novembro 28

Memórias Curtas 13 - OE 2013

Paradoxalmente, este Orçamento de Estado 2013, votado e aprovado ontem, foi discutido e votado na generalidade a 31 de Outubro, dia mundial da poupança e em simultâneo do americanizado dia das bruxas (dia do esbanjamento), seguindo-se a este o dia de todos os santos e o dia de finados.
É de letra que qualquer orçamento se resume a um conjunto de valores parcelares a grande parte errados, mas cujo somatório resulta num valor total aproximado ao pretendido.
Mas há orçamentos e orçamentos.
Superstições à parte, alguns erram sempre nas mesmas parcelas.
Fatalidades!

sexta-feira, novembro 16

Memórias curtas 12: ...



Hoje um tempo de eleição passou fugaz pela minha rua. Fugaz mas rude. Num pronto mudou de cara como quem muda de máscara nos bastidores de uma peça trágica e com voz de trovão fustigou o que encontrou pelo caminho.
À sua passagem, a calçada ficou pejada de austeridade.

terça-feira, novembro 13

Memórias curtas 11 - Responde o tempo que passa



Responde o tempo que passa

Pergunto ao tempo de outrora
P’la força do meu egrégio povo
Tanto trabalho que o devora
Há um Estado que o explora
Para bem dum Estado Novo
 
Pergunto ao tempo que passa
Pelos cravos da democracia
Caça-se o voto com negaça
E o povo rende-se na praça
Às ilusões da burguesia
 
Pergunto ao tempo há-de vir
Pelas cores da minha bandeira
Há meia haste para brandir
Fala-me de um Hino a falir
E dum idioma sem fronteira

Pergunto ao tempo da razão
Pela verdade na justiça
Quanto valerá a rectidão
Se a mentira lavra a tostão
Emparelhada com a cobiça

Pergunto ao tempo perdido
Pela gente do meu do meu país
Fala-me de um povo esquecido
De um povo sem apelido
Filho duma árvore sem raiz

Pergunto ao tempo caduco
E de Portugal, que se espera?
Fala-me dum Estado eunuco
Dum povo a cantar de cuco
A anuciar nova Primavera

Toulões, Outubro de 2012