Vista da Serra da Morracha
TOULÕES
Retrato da terra-mãe
Deste miradouro verdejante, varanda florida e enfeitada
Refrescada pela água milagrosa desta serra, fonte santificada
Avisto a alva candura das tuas casas caiadas, casebres velhos
Avisto a singela harmonia dos teus telhados, pontos vermelhos
Glóbulos do teu sangue que me corre nas veias
Germe da semente que me deu vida, vida que tu semeias
Em extensas e ondulantes searas em que descanso a vista
Que irão dormir no Vale das Eiras, feitas molhos de preguiça
Avisto o Peso, o Monte Velho, o talefe dos Malhadis
E o cabeço dos Frades, de pé, olhando p’ra ti de mãos nos quadris.
Avisto uma bandeja de prata que é a barragem da Pingona
E que foi afolar do casamento entre o Pradinho e a Archelona
Avisto a estrada nova, que se curva e recurva, contorcendo-se de dor
Tal como uma cobra largando a samarra sob um sol abrasador
Avisto a Fonte de Baixo, a Fonte de Cima, o poço da Malhadinha
Avisto a ribeira da Toula que dizem ser tua madrinha
Avisto o Ribeiro de Malhão, o Ribeiro de Cunha, o Ribeirinho
O Ribeiro do Raposo e outros por onde os melros fazem ninho
Avisto o Vale das Vacas, o Vale de Junco e as Lameiras
Avisto montados, olivais, sinto o cheiro das laranjeiras
Sinto o cheiro do rosmaninho, emproado, a cortejar as abelhas
Oiço o chilrear dos passarinhos, desafiando os chocalhos das ovelhas
À sombra destes pinheiros que se vergam para te beijar a testa
E te limpam o rosto, com vassouros feitos de trovisco ou de giesta
Avisto este bucólico cenário, que a natureza, a custo, ainda mantem
Deste miradouro verdejante, virado p’ro mundo, avisto a minha mãe.
Refrescada pela água milagrosa desta serra, fonte santificada
Avisto a alva candura das tuas casas caiadas, casebres velhos
Avisto a singela harmonia dos teus telhados, pontos vermelhos
Glóbulos do teu sangue que me corre nas veias
Germe da semente que me deu vida, vida que tu semeias
Em extensas e ondulantes searas em que descanso a vista
Que irão dormir no Vale das Eiras, feitas molhos de preguiça
Avisto o Peso, o Monte Velho, o talefe dos Malhadis
E o cabeço dos Frades, de pé, olhando p’ra ti de mãos nos quadris.
Avisto uma bandeja de prata que é a barragem da Pingona
E que foi afolar do casamento entre o Pradinho e a Archelona
Avisto a estrada nova, que se curva e recurva, contorcendo-se de dor
Tal como uma cobra largando a samarra sob um sol abrasador
Avisto a Fonte de Baixo, a Fonte de Cima, o poço da Malhadinha
Avisto a ribeira da Toula que dizem ser tua madrinha
Avisto o Ribeiro de Malhão, o Ribeiro de Cunha, o Ribeirinho
O Ribeiro do Raposo e outros por onde os melros fazem ninho
Avisto o Vale das Vacas, o Vale de Junco e as Lameiras
Avisto montados, olivais, sinto o cheiro das laranjeiras
Sinto o cheiro do rosmaninho, emproado, a cortejar as abelhas
Oiço o chilrear dos passarinhos, desafiando os chocalhos das ovelhas
À sombra destes pinheiros que se vergam para te beijar a testa
E te limpam o rosto, com vassouros feitos de trovisco ou de giesta
Avisto este bucólico cenário, que a natureza, a custo, ainda mantem
Deste miradouro verdejante, virado p’ro mundo, avisto a minha mãe.
1 comentário:
Que belo texto para o dia da mae.
Sem duvida para alem da nossa mae, existe tambem a nossa terra mae e, todo quanto nao gostar dela, nao pode gostar das outras, assim como aquele que nao gostar de si, tampouco pode gostar dos outros.
Um abraco beirao.
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