Rosas d’ albardeira *(Paeonia
broteri)
Esta belíssima flor, que alguns classificam de ornamental, desejada como planta de jardim, é, na verdade, muito melindrosa e pouco dada a
manipulações e transladações para fora do seu habitat predilecto. Talvez por esta
razão a sua sobrevivência se encontre ameaçada.
Se em tempos idos, antes da capitulação da agricultura
tradicional que deixou os terrenos por amanhar, a criar mofedo daninho, e das
alterações climáticas (principalmente as secas agressivas) destruidoras do
ecossistema do montado, eclodia espontaneamente sob o folhado que coalhava debaixo
de cada azinheiro. Por aqui, hoje apenas se pode encontrar na Morracha em lugar
restrito e de bem difícil acesso.
A sua efémera floração ocorre na Primavera em período das festividades
por cá celebradas (Senhora do Almortão, Senhora das Cabeças, São Domingos), o
que fazia desta flor invulgar uma planta de quase culto, respeitosamente
colhida para decorar os andores dos santos protectores ou enfeirar os arcos das
carroças, engalanadas por ocasiões de ida do povo às romarias.
Nota: As fotografias que constituem este slide show foram
tiradas em períodos diferentes durante a floração da Rosa-albardeira nos anos
de 2012, 2013 e 2014.
* As características científicas da Rosa Albardeira (Paeonia broteri) podem se
vistas aqui (http://pt.wikipedia.org/wiki/Paeonia_broteri)
15 comentários:
Gostei muito.
O que vi e ouvi é uma raridade na blogosfera.
Grato pela partilha.
Caro Chanesco
Que acontecimento feliz, o do seu regresso! Espero que, desta feita, surja menos raro do que a rosa albardeira.
Gostei muitíssimo da reportagem e penso que faz muito bem em não divulgar a localização.
Um grande abraço
Petrus
Obrigado pela visita.
Quanto à raridade na blogosfera é verdade que aqui procuro abordar/partilhar assuntos relacionados com a minha terra, Toulões, que penso serem pouco ou nada conhecidos.
Fátima
Vou tentar voltar a uma assiduidade mais regular.
Quanto à preservação da rosa albardeira ela é imprescindível.
Um abraço
Pra quem anda sempre à procura de tralha, numa grande cansadera, amostra cousa que os poucos antigos já quase esqueceram. eu abraço do pêto.
Henrique (Pires?)
Pois é companheiro.
A "tralha" a que te referes, é fruto de 7 ou 8 anos a guardar memórias neste Arcaz.
Um abraço
A saída do marasmo, em que se encontra Portugal, passa por fazermos do nosso país uma terra onde prevaleça o primado da Lei e do Direito. Agora, já não apenas o cumprimento formal e inócuo de um conjunto de códigos civis e penais que os romanos nos legaram, mas também um aperfeiçoamento do sistema que tem de prever e fazer cumprir a materialização física da letra e do espírito da LEI no corpo da Nação Real, que sofre. A criativa que me transmitiu esta ideia revolucionária é uma prima minha de Valongo dos Azeites que, atualmente, faz parte do colégio de juízes do Tribunal Constitucional. Ela, como uma grande materialista que é, defende que toda e qualquer norma jurídica precisa de ser plasmada plenamente no viver dos cidadãos de carne e osso para que possa cumprir os requisitos indispensáveis à aprovação e entrada em vigor. Nesta altura do texto, já sou capaz de ouvir as críticas que dizem que uso uma linguagem demasiado hermética. Concordo com as vozes críticas e, neste preciso momento, vou dar a volta ao texto: já fui e já vim, e trago comigo uma ilustração simples, mas muito esclarecedora e visual, para gáudio dos mais novos, daquilo que me proponho transmitir aos meus queridos leitores.
A minha prima, a doutora juíza Ermelinda Pinhão, defende que, por exemplo, se um cidadão por qualquer razão, seja a perda do emprego, seja a sobrevinda de uma doença do foro orgânico ou psiquiátrico, ou por outras razões ao alcance da imaginação humana, não puder pagar a renda de casa ao senhorio ou, no caso de ser titular da propriedade em questão, não puder pagar as prestações ao banco, deve ter o direito de apelar ao Tribunal Constitucional, ou a outro mais perto do seu local habitual de residência, que terá -por imperativo constitucional, dentro de um prazo razoável que, em caso algum, poderá ultrapassar a duração de um dia de 24 horas-, de lhe arranjar uma boa casa, com pelo menos dez assoalhadas, virada a sul, num local de escolha livre do cidadão. Quanto ao emprego, nessa república pinhoense, a solução passaria pelo tribunal decidir construir uma fábrica de automóveis só para que um requerente profissional de mecânica, por exemplo, tivesse garantido o seu posto de trabalho, ou pela doação simples e direta de 500 ou 600 hectares de boa terra de batata a um lavrador que fizesse, dispensando o advogado que só serviria para atrapalhar, um apelo nesse sentido a quem de direito.
Talvez por causa desta robustez de pensamento, o povo dos Azeites conta muitas histórias sobre a doutora Ermelinda: umas são manifestamente falsas, fruto de invejas entre as comadres, mas outras terão um fundo de verdade, como a que a seguir apresento:
Diz que no dia aprazado para que a doutora Ermelinda prestasse provas de ingresso na carreira de Magistrado do Ministério Público, no Centro de Altos Estudos Judiciários, em Coimbra, ela saiu muito cedinho de casa- ainda se via a estrela de alva-, e dirigiu-se, com um carro de bois, preparado de véspera, a uma grande terra de pão, propriedade de seus pais, que ficava mesmo na entrada da aldeia, no lugar das eiras. Mal chegou à terra, já muito bem lavrada a trator na semana anterior, subiu, de um salto, para cima do carro e, de forquilha em punho, começou a espetá-la no estrume húmido, de excrementos de vaca com restos de palha, que fazia erguer com elegância na ponta dos compridos dentes de aço da alfaia, para imediatamente executar amplos e rápidos movimentos circulares que projetavam uma chuva parabólica de flocos de esterco que iam paulatinamente cobrindo a terra com uma camada acastanhada de fertilizante natural. Diz a gente do povo que a doutora só deu por terminada esta exigente e árdua tarefa quando no campanário da igreja bateram as doze badaladas. Com o Sol a pino, tangeu novamente os bois para casa e, ao passar no largo da aldeia, olhando para o largo e fundo tanque de pedra, onde era costume dar de beber às bestas, decidiu, após experimentar com os dedos que a água estava muito fresquinha, despir os trajes de camponesa e, já em biquíni, deu dois valentes mergulhos no grande bebedouro, ficando assim fresca e limpa para a viagem que teria de fazer, da parte de tarde, até Coimbra.
Chegou a tempo e horas ao Centro de Altos Estudos Judiciários, onde começou por ser submetida à prova escrita que limpou, facilmente, com vinte valores, como quem bebe um copo de água do Luso. Nas provas orais, o júri composto por dez venerandos professores de Direito, atacaram-na com perguntas dificílimas do tipo “Diga-me agora, qual o nome do músculo torno flexor do pescoço?”.
O pior foi quando chegou a vez da minha prima despejar em cachão as suas respostas cristalinas como a água: instalou-se o pânico entre os lentes examinadores que, após assinarem apressadamente as atas da aprovação com distinção e louvor, começaram a correr como loucos em todas as direções, escapando, aos tombos, por portas e janelas, daquela sala onde um público atónito tinha assistido à sua humilhação intelectual, perante a brilhante defesa da tese “A Constitição Equídea” pela, então, já Senhora Professora Doutora Juíza Ermelinda Pinhão.
Ainda não eram as dez da noite quando Valongo dos Azeites recebeu em ambiente de euforia, com bombos e fanfarra, a primeira doutora da terra, que tomou calmamente o lugar de honra na mesa principal para o banquete de gala que lhe tinham preparado e, às dez para a meia-noite, a nossa homenageada já palitava os dentes, satisfeita com os dois nacos de javali assado que acabara de devorar.
Olá amigo Chanesco , ainda bem que regressou e com um tema que há muito eu sobre ele me questionava Era : "será que ainda há rosas d'albardeiras "? Lembrava-me de a ver , em criança , nos andores e nos carros das serças , na ida para as romarias .Mas o meu amigo deixou-me esclarecida .Bem haja ..
Dê-me um pouco da energia que usou par regressar pois eu tb tenho andado muito ausente
Um abraço" veginho "
Quina
Tu, deves ser uma alma penada que vagueia pelos blogues. Vais metendo o bedelho mas ninguém te dá troco, há.há.há....
Meu caro Anónimo Pinhão
Quero transmitir-lhe a minha admiração pela sua capacidade dissertativa. Apesar de alheado do tema abordado neste post, o seu comentário é deveras interessante, revelando afincadamente uma notória preocupação com o que à vida cívica do mais comum de todos nós diz respeito.
A tese da “constituição equídea”, boa metáfora para “constituição da equipa”, bem poderia ser um manual para instruir toda a plêiade do futebol português, e em particular o nosso seleccionador nacional, a escalonar os elementos da equipa das quinas poupando uma nação inteira à aviltante tarefa de aguentar 90 e tal minutos a assistir a uma decepcionante exibição, caindo aos pés dos sobrinhos do tio Sam. Esperemos que na próxima 5ª feira, na hora de um contribuir com um último esforço para granjear da honra que o povo dedica à nossa bandeira, não sejamos esGANAdos.
Meia vez que, como está demonstrado, os juízes se movimentam como peixe na água no meio futebolístico a Dra. Ermelinda com a sua sapiência salomónica e a sua capacidade em resistir à vil corrupção de dignidades poderá contribuir para dar uma lição honestidade aos gestores das SADs e candidatar-se à presidência da Liga de Fut. Profissional. É seguro que a imagem da falta de credibilidade que caracteriza o futebol português seria limpa doravante, dando um valente chuto no marasmo em que se encontra Portugal, o nosso dia-a-dia melhoraria significativamente.
Cumprimentos
Quina
Houve um período em que eu pensei que as rosas d’ albardeira se tinham extinto em Toulões.
Sei que na zona da idanha também há um lugar onde ainda se podem encontrar alguma “pôlas”.
Quanto à energia que me pede não lhe posso dar porque a minha ainda se mantém quase esgotada.
Um abraço
Anónimo
Fica o anónimo sabendo que este espaço prescinde moderação de comentários para poder dar total liberdade a quem o queira utilizar civilizadamente.
Significa isto que aqui não é sítio onde qual que mosca poisa incógnita para deixar cagadela nem para anónimos virem aliviar diarreias: nem mental nem fisiológica. Aqui quer-se gente com a cabeça limpa e cú lavado.
Mas é sítio para poisarem moscardos que dão a sua ferroadela discretamente. Ou então, malucos saídos do hospital Conde de Ferreira.
Há malucos que têm todo o direito de sair do hospital pois cumprem as formalidades administrativas inerentes ao processo da baixa hospitalar, o que, por si só, constitui uma garantia para esta sociedade discriminatória-que faz lembrar aquela outra dos tempos da Santa Inquisição-,de que aqueles que um dia precisaram de tratamento clínico e afetivo já estão sãos e prontos para outra!
Já que a Inquisição veio a lume, não posso deixar de dissertar um pouco sobre o assunto. A questão de fundo, a nível ideológico e intelectual, que são os terrenos onde me sinto mais à vontade, pode ser apresentada de uma forma simples na fórmula dicotómica:
Somos todos, gregos ou troianos, filhos do mesmo Deus e, portanto, irmãos; ou apenas alguns de nós somos judeus e, como povo eleito por Deus, estamos acima de todos os outros, os inferiores gentios.
Tratava-se portanto confronto de duas conceções religiosas antagónicas entre si que se resolveu de uma forma brutal com a expulsão do país daqueles que não queriam ser cristãos e com a condenação, que incluía a pena de morte, dos que eram acusados de manterem a prática do culto judaico no país cristão que era Portugal. Claro que o vil metal não desempenhou nesta contenda o papel menos importante, mas aí teríamos de abordar o problema de outro ângulo.
Assim parece que quem ganhou foi a maioria cristã. Não se enganem, as minorias com muito dinheiro e com ideias fixas têm muita força.
Portugal atualmente é um Estado laico, a viver das esmolas dos outros, onde as pessoas que vão à missa são vistas com desconfiança e onde todos sabem, através dos jornais, da televisão e da internet, que os padres são quase todos pedófilos.
Comprei sementes já nasceram 14. Agora vou disseminá-las
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