quinta-feira, junho 26

“TÓLÔNJS”

Uma peça de teatro sobre Toulões com gente de Toulões

Sinopse (http://ajidanha.com/projecto-de-teatro-em-touloes/)
Tólônjs, rebusca histórias, tradições e vivências da aldeia beirã dos Toulões.
A dramaturgia deste espectáculo, é construída mediante o contributo do elenco do espectáculo, constituído por Toulonenses, contributos esses, que nos transportam para a vivência de algumas das histórias desta típica aldeia beirã… as caganitas da Velha Ginja, no correio da Zebreira vem uma missiva do Vaticano para o Ti João Castelhano, o sempre divertido Ti Nico na Tasca da Ti Magra, os lobos que circundam a aldeia e após muito procurar, encontramos finalmente o Ti Salgueiro.
Esta produção da Ajidanha tem dramaturgia de Rui Pinheiro, encenação de Bruno Esteves e Rui Pinheiro e interpretações de Elvira Moreira, Maria Hermínia Jacinto, Maria Monteiro, Maria Moreira da Cruz, Maria Rola Xavier e Piedade Manteigas.
Nota: Com a Elvira e a Maria Moreira a contas com mazelas, apenas as outras quatro puderam estar presentes.


Foi ontem levada ao palco do auditório do Centro Cultural Raiano uma peça de teatro sobre Toulões, interpretada por mulheres naturais desta freguesia do concelho de Idanha. Estreado a 31 de Maio último no “salão” do Centro de Dia, para toda a população da aldeia e por esta muito aplaudido e enaltecido, é um espectáculo simples, com momentos de boa disposição, muito bem encenado, muito bem interpretado e que superou largamente todas as expectativas.

E de que maneira!
Quando no início do ano se soube em Toulões que um grupo de mulheres iniciara  os ensaios para a representação de uminusitada peça de teatro, poucos "afuturavam" qualquer coisa de jeito, dada a total inexperiência nestas lides por parte destas mulheres com pouca instrução, com a agravante de o guião nem sequer estar ainda definido. 
Mas com a ajuda do milagreiro João Castelhano, do farrombão Nico e de outras figuras marcantes na história dos Toulões, cujas peripécias vieram à tona da memória destas actrizes de circunstância, deram azo a que a Ajidanha, através de Rui Pinheiro e da sua equipa de cenografia, conseguisse por em cena um espectáculo que dignifica a acção de todos os intervenientes.
A Ajidanha, Associação de Juventude de Idanha-a-Nova, com grandes pergaminhos na produção teatral (ver aqui e aqui) e com vocação para levar cultura às populações do concelho, também como forma de atenuar o isolamento que grassa nas zonas do interior, merece, de facto, o aplauso de todos.

9 comentários:

Idanhense sonhadora disse...



Sem dúvida Chanesco ;acho que a Ajidanha está a desenvolver um trabalho altamente meritório e fá-lo duma maneira "humilde " sem "fanfarronadas " Merece pois que divulguemos o seu trabalho e quando por lá estamos , se" houver teatro"assitemos a ele e apoiemos estes artistas -
Um abraço

Chanesco disse...

Quina

A fama do talento do grupo Ajidanha já me tinha chegado ao conhecimento, mas com este espectáculo ficou comprovado que de facto são mesmo bons.
A encenação desta peça mostra como afinal sem ovos também se podem fazer omeletes.

Abraço

Fátima Pereira Stocker disse...

Caro Chanesco

Brincar connosco próprios é exercício que, por ser de tão alto de gabarito, está ao alcance de muito poucos. Mulheres notáveis foi aquilo que vi em cena (com vontade de ver mais, mas não encontrei).

Um abraço

Anónimo disse...

Caro Chanesco,

Faço minhas as palavras da comentadora Fátima Stocker, que me precedeu nesta lista. Efetivamente, todos somos poucos para evitar que morram sozinhas e desamparadas as ricas tradições culturais das províncias de Portugal, onde ainda vai havendo geografia humana, e não apenas física, como a querem à força os governantes da capital que não param de fechar escolas, correios e juntas de freguesia. Porém, sem o substrato húmico de onde rompem as flores que dão vida a associações como a Ajidanha ou a ASRCR, de Rebordainhos, não vamos muito longe!
O estrume, chamem-lhe adubo ou fertilizante, é essencial!
A Natura são os barrocais e os linces que vagueiam pela serra da Malcata, nós somos a Cultura, quando nas ceifas sujamos os pés na terra, quando escrevemos neste blogue telúrico, quando fazemos teatro em Toulões...
Mas, também não sejamos ingénuos, a velha Europa tem de voltar atrás para beber novamente nas fontes clássicas do Renascimento,de onde brotou a verdade cristalina de que o Homem é a medida de todas as coisas. As barrocas e o capital financeiro têm o seu lugar no mundo, mas no centro têm de voltar a estar o Homem e a Mulher.

Cumprimentos,

Florindo Pinhão

Anónimo disse...

Neste ano 2014 da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo faz cem anos que eclodiu na Europa uma guerra entre povos muito civilizados que, sendo muito avançados em Ciência e Tecnologia, só tiveram para dar ao mundo destruição e morte!
As bocas das fornalhas ardentes das indústrias de armamento da Alemanha e da Inglaterra vinham sendo empanturradas pelos homens com milhões de toneladas de carvão sujo e negro e os vómitos previsíveis surgiram na forma de milhões de cadáveres esmagados e desmembrados pelo aço incandescente das bombas.
O som dos tambores da guerra também chegou ao cantinho aparentemente bucólico de Portugal, onde a maioria da população vivia sofridamente, mal confortada com o lenitivo da religião, sempre à procura de um pouco de pão negro, amassado pelo diabo, com que pudesse enganar a Fome.
Os republicanos mais radicais-burgueses e bacharéis ansiosos por comerem da gamela do Estado-vinham com a ideia do Progresso que se iniciaria com a proibição do Catolicismo e transformação de conventos e igrejas em escolas para o povo. Mas, desde o 5 de Outubro de 1910, não foram capazes de se entenderem no Governo e o povo continuou faminto e analfabeto.
Foi com este triste quadro de fundo que teve de se equacionar a nossa entrada na guerra. Penso que alguns dirigentes da República terão tido a perceção de que, nessa época, o nosso pequeno retângulo europeu, desligado das colónias africanas que era necessário explorar, não tinha nada a ganhar com o envolvimento na guerra. Só que, de facto, apesar de as grandes potências ao longo do século XIX nos terem vindo a expulsar de uma grande parte dos nossos territórios em África, ainda tínhamos as jóias Angola e Moçambique, pelas quais valia a pena lutar. Evidentemente, o aguilhão do Reino da Inglaterra-que já tinha sido conivente com a maçonaria portuguesa, não opondo qualquer obstáculo à intenção do derrube do Rei D. Carlos-, também foi espetado na nossa carne, apressando-nos em direção ao abismo, mas salvámos Angola!
Esta meia dúzia de reflexões não pode deixar de suscitar a questão:
E agora, sem Brasil e sem Angola, Portugal, com os seus barrocais imensos e as suas inúmeras universidades, sem dinheiro e sem indústria, é viável como país independente? Por outro lado, será que alguém ainda nos quer?

Chanesco disse...

Fátima

Efectivamente foi notável a prestação destas mulheres.
Parece que vai ser editado um DVD da peça. Farei questão de lhe fazer chegar uma cópia.

Abraço

Chanesco disse...

Caro F. Pinhão

Quer se queira quer não, as tradições culturais das nossa aldeias, as genuínas, aquelas que constituem um elemento aglutinador dos valores gerados pelas nossas raízes e fomentam a união entre conterrâneos, são uma das formas de atenuar tanto o isolamento das zonas rurais como a problemática subjacente ao envelhecimento populacional motivado pela interioridade
Apesar de alguns iluminados vanguardistas, de mente obnubilada, que renegam a memória do passado considerando as tradições contaminadas por resíduos de um saudosismo obscuro, a pretexto do sentimentalismo, da nostalgia, da saudade que lhes estão inerentes acham retrógrado o acto de tentar preservar e vitalizar um elemento da cultura local que continuam a ser uma mais valia em vários os aspectos.
Quanto ao estrume a que se refere, o esterco que no dizer de Lavoisier é o elemento da natureza que ajuda a reciclar a vida para além da morte, é de facto o mais completo dos fertilizantes. Um ser morto renasce nem que seja sob a forma de um vegetal germinando e rompendo com toda a sua força o húmus, atraído pelo relampejar da zenital luz do astro rei e florindo de seguida com a floral forma de pinhão de ataque, roda mandante desta perfeita cadeia transmissão que é a Natureza.
Foi também do esterco que o britânico Robert Edwards retirou a chave da fertilização capaz de gerar uma nova vida em ambiente laboratorial: a dita fecundação em proveta, essa palavra sinónimo de fragilidade vítrea que rima com violeta, com borboleta e com botões de punho. Estes últimos, agitados energicamente por alguns escribas em mangas de alpaca, incluindo os que no recato dos gabinetes lá por Bruxelhas, num acto consciente fecundam a justiça, parideira de leis lesivas para os nossos direitos e nos tornam cidadãos europeus de segunda.

Cumprimentos

Chanesco disse...

Anónimo

O 5 de Outubro pôs fim à monarquia, e a República continua a ser a República.
Mas atenção ao pormenor: em Espanha foi recentemente entronado mais um Filipe que por sinal esteve hoje em Lisboa.
A ver vamos se o nosso PR, com os seus vassálos, não se torna num Cardeal D. Henrique e entrega de mão beijada o que resta da nossa soberania (se é que resta) ao novo reino filipino.

Fátima Pereira Stocker disse...

Chanesco

Agradeço-lhe desde já, porque sei que vou gostar muito.

Um abraço