quinta-feira, maio 20

14-2010: Vegaviana em imagens







Dada a impossibilidade de mostrar fotos do interior da igreja, onde a arte moderna está bem patente, deixo estas, retiradas do livro de Florián Caro Cerro.

















Esta levantada a proibição de passar por VEGAVIANA.

terça-feira, maio 11

13-2010: FÁTIMA de VEGAVIANA

Raros são os raianos com raízes nesta região da Raia Perdida, tanto os residentes como os que vivendo fora, vindos aqui no Verão ou nos períodos festivos para matar saudades da família e dos amigos, que fruto do bom relacionamento transfronteiriço não dêem de quando em vez um saltinho até Espanha. Nem que mais não seja para mudar de ares, para satisfazer apetites com "una copa" ou aproveitar para abastecer o carro de combustível. O ganho na diferença de preço permite fazer quase à borla o trivial percurso com entrada pelas Termas de Monfortinho, Cilleros (local de abastecimento, que com menos 20 cts/litro já arrumou com as bombas das Termas), Moraleja, (às vezes até à histórica Cória e voltar), Zarza-la-Mayor (paragem para "una caña" no bar da "pista" e uma visita ás lojas de Pedro Gazapo ou de Antonio Pantrigo) e regressar a Portugal por Salvaterra do Extremo, tirando partido da recém-inaugurada e não menos polémica "ponte" sobre o rio Erges, construída para encurtar distâncias entre salvaterrenhos e zarzenhos.
Ora este trajecto, fechado em Toulões, constitui o perímetro de uma área bem no centro da qual se situa el pueblo de Vegaviana, um pequeno aglomerado populacional construído de raiz (inaugurado em 1955) como meio de albergar e fixar um grupo de colonos oriundos de povos das redondezas (incluindo um tal Aleixo Vaz Carreiro, de Idanha-a-Nova). Num tempo em que não existia "el paro", mas em que conseguir trabalho era tarefa árdua, decidiram abraçar um projecto governamental de desenvolvimento agrícola da zona de regadio do vale do rio Arrago, proporcionado pela construção da barragem de Borbollón.
Com projecto da autoria do arquitecto D. José Luis Fernández del Amo, esta pérola da arquitectura rural, formando um casario de edifícios brancos, harmoniosamente dispostos numa clareira de montado de azinho e sobro, é considerada a nona mais importante obra arquitectónica levada a cabo em toda a Espanha durante o Sec. XX, mas que só desde 22 de Junho de 2009, por "resolución de la Consejería de Cultura y Turismo", foi declarado BIC (Bien de Interés Cultural) na categoria de "conjunto histórico".
Talvez por não possuir o comércio a que os portugueses se acostumaram, nem nunca ter sido destino de café contrabandeado nesta zona de fronteira (de todas as histórias de contrabandistas contadas em Toulões, com tantas terras nomeadas, nunca Vegaviana ouvi referida) e de não usufruir da divulgação que merece, a localidade ficou excluída do habitual roteiro de visitas por terras da "raya extremeña".
Mas, para os portugueses que eventualmente venham a descobrir esta aldeia, tal como eu a descobri casualmente, (apesar de em duas ou três ocasiões, no início da década de 80, ter estado em visita a familiares que trabalhavam numa "finca" dos arrabaldes na apanha do tomate e do pepino de conserva) o principal atractivo nem será unicamente o conjunto arquitectural que lhe dá forma.
Deve ser realçada uma escultura dedicada aos colonos fundadores desta comunidade, colocada em lugar de destaque na praça principal, de fronte do edifício do Ayuntamento e da igreja de «Nuestra Señora del Rosario de Fátima», monumento cujo frontespício ostenta um gigantesco painel em azulejo representando a aparição da Virgem aos pastorinhos na Cova da Iria.

Aliás, esta crónica veio a lume dada a analogia entre as celebrações religiosas do 13 de Maio que decorrem por estes dias no Santuário de Fátima e os festejos levados a cabo em Vegaviana, precisamente com a intenção de evidenciar a particularidade colhida em Portugal pelos habitantes deste recôndito lugar, ao terem adoptado como sua patrona a Santa com maior representação ente nós.

Diz Florián Caro Cerro no seu livro "Vegaviana", com publicação integrada nas comemorações do cinquentenário da aldeia, em 2005, e do qual saiu alguma da informação aqui exposta, que a razão de tanta fé em Fátima (quando a Espanha religiosa se entrega em devoção à vigem del Rocio, ou aqui por perto à Virgem de Sequeros ou à Virgem de la Veja), se deve à proximidade com a povoação de Temas de Monfortinho.
Eu até diria, e especulando um pouco com a história de Toulões e seus arredores, que esta tomada de decisão teve a influência de João Castelhano, um pastor, pregador de circunstância, que naquela época induziu ao logro muitas almas, por estas terras e além fronteira, ao inventar aparições de Nossa Senhora sobre tudo quanto era carrasqueiro, acabando preso sem honra nem glória.
As suas aventuras, com tempo, jeito e paciência, ainda poderão vir aqui parar.
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