quinta-feira, agosto 30

20-2007: A festa, que futuro?

Lá passou a festa!
Mais animada para uns, menos animada para outros, (é que nisto das festas é sempre difícil agradar a Deus e ao Diabo), mas honra seja feita às miúdas da Comissão 2007 que, com esforço e o apoio de familiares e amigos, cumpriram a divisa de dar continuidade à tradição e, pelo que me foi dado a perceber, o balanço foi francamente positivo.
Mas tão importante como os festejos propriamente ditos é a habitual "vinda à festa", sempre motivo para encontros e reencontros com amigos e, curiosamente, com os filhos dos amigos; a nova geração de mocidade que nasceu fora e não conhecemos por a não ter visto crescer.
Da miudagem dos 18/20 anos para baixo já não se conhece ninguém. A alguns, pelas parecenças, ainda se lhe deslinda a "linhagem", são a cara ingerida dos progenitores, mas a outros?, não há contorcionismo mental que lhes consiga encarrelher com a genealogia.
No reencontro, mais ou menos cíclico, entre velhas amizades consolidadas na juventude pela partilha de experiências e cumplicidades, alegrias e tristezas, questiona-se o futuro da aldeia e a continuação da festa, vindo à liça comparações com o passado.
São amizades do tempo em que a estudantada se juntava aqui, vinda de todo o lado, para passar as férias escolares. Apanhava a carreira logo após terminadas as aulas e aqui ficava um Verão inteiro até dois ou três dias antes do recomeço das mesmas.
Conjuntamente com os "Franceses" que vinham passar as "vacanças" e a malta que por cá permanecia, na expectativa de agarrar uma oportunidade para se atirar ao mundo, tal como os pássaros na borda do ninho, esperando pelo momento de se sentirem seguros e se lançarem no vazio, experimentando a triunfal sensação do primeiro voo, a "rapaziada do mê tempo" unia-se e havia festa todos os dias.
Mas com o aproximar do dia da mais esperada, a de Santo António, a agitação aumentava.
Di-lo ia o ti Cavalinho, quando uma buliçosa chusma, aos magotes, lhe invadia a taberna: "Ca rai de joldra vem a ser esta, atão pariu p’ra aí a galega, ô quêi?"
Toulões era um mar de gente.
É um facto que o futuro dos jovens, os tais que já não conhecemos, não passa por aqui. Para eles a terra é menos convidativa e até desinteressante. Já não passam cá o Verão. Vêm à Festa, de fugida, já queimados pelo sol da beira mar, quase só para não desapontar a família, que por devoção se reune toda neste dia.
Mas, apesar de tudo, visto o entusiasmo ainda manifestado por alguns mais optimistas, estou em crer que, a exemplo das miúdas que este ano a organizaram, à nova geração, apesar de cá não ter criado raízes, talvez lhe venham a rebentar umas vergônteas, boas pôlas que hão-de aqui pegar de estaca, não deixando morrer a tradição do "vir à Festa".

terça-feira, agosto 21

19-2007: Assim se passou a Festa

Este post é dedidado a todos os Toulonenses, especialmente aos que aqui vêm visitar-me (e sei que são bastantes), fazendo votos de que a Festa do ano que vem seja tão boa ou melhor que a deste ano.









O dia da festa, propriamente dito, começa com a alvorada pelas ruas do povo ao som da banda Filarmónica Idanhense, com o Tó Jacinto a fazer de cicerone.
O andor do padroeiro é, por tradição, sempre transportado pelos elementos da Comissão de Festas. Este ano as catchopas que fizeram a festa, aguentaram nos ombros, como é dado (ou seja, estoicamente), todo o percurso da procissão.
Durante a apresentação do livro "Cancioneiro de Toulões" o seu autor, Manuel A. Marques, (Mnelzinho, como cá é tratado) explica aos seus colegas de palestra o significado do desenho que ilustra a capa. A Vaca-Galhana (ver aqui) que em tempos foi ex-libris do Entrudo de Toulões.
Com esta foto quero homenagear o Tónho "Santantonho", o eterno e honorário festeiro que estava sempre pronto a regar a terreiro para apagar a poeira, no tempo em que a festa se fazia no adro. Apesar do seu atraso, quantas vezes animou a festa, sendo sempre acarinhado pelos Toulonenses.
Esteve tudo bem pensado e notata-se uma evolução de mentalidades. Até a criançada teve direito ao seu momento de festa durante o arraial com um concurso de desenho! É uma boa forma de fazer com que as crianças ganhem afeição pela terra.
Mais ou menos seis arrobitas de carne marcharam enquanto o diabo esfregou um olho.


A música teve muito som, muito movimento, mas pouca luz (daí as fotos terem um cariz mais artístico do que documental). Talvez o único senão da festa foi o facto de o conjunto tocar mais para a malta nova. O pessoal de idade mais avançada, que gosta dar o seu pésinho de dança ao som de música popular, desta vez foi mais o tempo que ficou a ver.

SÓ ME RESTA DESEJAR BOA SORTE AOS FESTEIROS DE 2008 E DEIXAR AQUI UM ABRAÇO A TODOS.