quinta-feira, abril 29

12-2010: Sra. do Almortão, post-romaria

A devoção a nossa Senhora do Almurtão, por estas terras raianas, está patente em todos os lugares do concelho de Idanha. A cada pé-de-passada, a ver pela abundante iconografia, pelas loas que Lhe são cantadas com dedicácia ou pelas orações a Ela dirigidas, que tantas vezes arredondam em promessa, encontramos sinais que não deixam dúvidas acerca da fé Nela depositada pelas gentes daqui.
Embalada por esta fé, a Paulinha propôs-se receber o João como marido na presença da “nossa Santa”, tendo a celebrar esta união sacramental o Sr Padre Adelino, conceituada figura da cultura idanhense, fazendo questão, numa pequena homilia, em realçar o esforço, tando dos noivos como dos convidados, de terem vindo propositadamente de Castelo Branco (ida e volta 80 Km) assistir a esta singela cerimónia, no recato da capela, sem a agitação da romaria.
Tomando conhecimento de que muitos dos convidados presentes eram oriundos dos Toulões elogiou as suas gentes referindo: “ainda na Segunda-feira, um grupinho de Toulões cantou desalmadamente, ali no alpendre à porta da capela, a manifestar a sua fé em Senhora do Almotão”.

Felicidades ao novo casalinho!!!

sábado, abril 17

11-2010: Senhora do ALMOTÃO


Painel de azulejo a embelezar a padieira de uma porta no lugar de Torre (Monfortinho)

Tal como aqui por Toulões nunca será desfeita a dúvida de saber se a nossa serra é da Morracha ou da Murracha, também em toda a zona raiana se discute qual a forma correcta de grafar o nome da protectora de toda a campanha idanhense: Senhora do Almortão ou do Almurtão?
Apesar do nome da santa, segundo a lenda, estar ligado à toponímia do sítio da sua aparição, Água da Murta, o povo raiano tende em dizer Almortão, em vez de, como seria mais natural, Almurtão.
Para além destas duas formas, existe também muito boa gente que pronuncia: ALMOTÃO. Pensava eu que esta forma de chamar Nossa Senhora, quase nomeada, se devia ao facto de, por uma questão de facilidade de articulação, o povo comer letras às palavras ou então de, por no percurso entre o ouvido e a boca, costumar transformar alhos em bugalhos, mas não.
Segundo referido na obra do Dr. Jaime Lopes Dias, Etnografia da Beira, 3º vol., o autor explica assim a razão da adopção desta forma de designação:

Na 1ª edição eu escrevi Senhora ao Almurtão. Ouvindo o meu saudoso mestre e amigo Dr. José Leite de Vasconcelos, este respondeu-me: «Quando faltam formas antigas de um nome geográfico, de certo não é fácil dar explicações dele.
No nosso caso, Almotão, regulando-nos pela forma actual, poderia explicar-se por al-motão, sendo motão aumentativo de mota, e al o artigo arábico que se junta às vezes a nomes não arábicos. A significação seria, pois «a mota grande».
Mas digo isto com todas as reservas. «25-III-1928».
Adopto, por isso, agora a forma popular Senhora do Almotão.
Mota designa: arrimo, apoio, defesa.
E pronto.
Segunda feira, dia 19, cumpre-se mais uma vez a tradição de rumar até Água da Murta para venerar a padroeira e estender a merenda à sombra de um azinheiro.
Eu, que não vou poder lá estar (por uma questão logística só lá estarei dia 24, mas a merenda é depois em Castelo Branco), deixo aqui a minha quadra de alvíssaras:
Senhora do Almotão
Quém Vos deu o Vosso nome
Foi o povo da Idanha
Que p'ra Vos dar passou fome