terça-feira, dezembro 30

FELIZ ANO NOVO


Sai o velho, entra o novo
E neste quadro de mudança
Valem os festejos do povo
A fazer brilhar a esperança

domingo, julho 27

DITOS & DITADOS - Quadra

Silveira no Ribeiro de Cunha (ao Raposo) - 2013

O Rosmaninhal se queixa 
De não ter moças formosas
Vinde à aldeia de Toulões
Onde até as silvas dão rosas

(Popular de Idanha-a-Nova - adaptado)

segunda-feira, julho 7

Memórias curtas 17 - Cantadores dos Toulões


Em Toulões, no tempo em que a dureza da jorna de trabalho era atenuada ao fim de cada dia com catares à desgarrada, protagonizados por homens com veia poética e voz de trovão, como eram o ti Zé Louro, ti Manuel da Cruz, Ti Tomás Sapateiro, entre outros, esse cantares,  acompanhados a copos de meio quartilho, ajudavam a "botar" a crise para trás das costas (e se ela era severa à época) e a encarar o dia a dia com ânimo.
Os versos que se seguem fazem parte da memória dos fàdistas dos Toulões. 
Dos Toulões os seus fàdistas
Têm fama em toda a parte
No fado são uns artistas
Pois cantar fado é uma arte

P’ra ser cantador do fado
E cantá-lo com ardor
Basta ter golas de galo
E sabê-lo todo de cor

Cantar fado à desgarrada
Não tem nada que saber
É pedir vinho à canada
E cantar depois do boer

Toca lá ó Bertlameu
Essa guitarra de pau-santo
Mostra lá, como faço eu
Que o fado é um encanto

Tenho um burro munto esperto
Mai esperto ca um fàdista
Canta melhor qu’ o Adeberto
Toca harmónio com’o João Crista

O Mné da Cruz assentou praça
E canta o fado lá na caserna
À viola está uma cabaça
E à guitarra uma lanterna

   Cala-te ó espanta perdizes
Que no fado tu não cabes
Tu não sabes o que dizes
E do que dizes nada sabes

À cantador dum ladrão
Que alças a perna a cantar
Pareces às vezes um cão
A alçar a perna p’ra mijar

À cantador cavalgadura
Pensas tu que me ganhaste
Toma lá as ferraduras
Dos coices que me atiraste

Cantadores desse teu fado
Já estou eu farto de ver
Muitos me têm ladrado
Nenhum me chegou a morder

À porta do Tónho Beleza
Há duas pedras de cantaria
Numa assenta-se a tristeza
E na outra a alegria

quinta-feira, junho 26

“TÓLÔNJS”

Uma peça de teatro sobre Toulões com gente de Toulões

Sinopse (http://ajidanha.com/projecto-de-teatro-em-touloes/)
Tólônjs, rebusca histórias, tradições e vivências da aldeia beirã dos Toulões.
A dramaturgia deste espectáculo, é construída mediante o contributo do elenco do espectáculo, constituído por Toulonenses, contributos esses, que nos transportam para a vivência de algumas das histórias desta típica aldeia beirã… as caganitas da Velha Ginja, no correio da Zebreira vem uma missiva do Vaticano para o Ti João Castelhano, o sempre divertido Ti Nico na Tasca da Ti Magra, os lobos que circundam a aldeia e após muito procurar, encontramos finalmente o Ti Salgueiro.
Esta produção da Ajidanha tem dramaturgia de Rui Pinheiro, encenação de Bruno Esteves e Rui Pinheiro e interpretações de Elvira Moreira, Maria Hermínia Jacinto, Maria Monteiro, Maria Moreira da Cruz, Maria Rola Xavier e Piedade Manteigas.
Nota: Com a Elvira e a Maria Moreira a contas com mazelas, apenas as outras quatro puderam estar presentes.


Foi ontem levada ao palco do auditório do Centro Cultural Raiano uma peça de teatro sobre Toulões, interpretada por mulheres naturais desta freguesia do concelho de Idanha. Estreado a 31 de Maio último no “salão” do Centro de Dia, para toda a população da aldeia e por esta muito aplaudido e enaltecido, é um espectáculo simples, com momentos de boa disposição, muito bem encenado, muito bem interpretado e que superou largamente todas as expectativas.

E de que maneira!
Quando no início do ano se soube em Toulões que um grupo de mulheres iniciara  os ensaios para a representação de uminusitada peça de teatro, poucos "afuturavam" qualquer coisa de jeito, dada a total inexperiência nestas lides por parte destas mulheres com pouca instrução, com a agravante de o guião nem sequer estar ainda definido. 
Mas com a ajuda do milagreiro João Castelhano, do farrombão Nico e de outras figuras marcantes na história dos Toulões, cujas peripécias vieram à tona da memória destas actrizes de circunstância, deram azo a que a Ajidanha, através de Rui Pinheiro e da sua equipa de cenografia, conseguisse por em cena um espectáculo que dignifica a acção de todos os intervenientes.
A Ajidanha, Associação de Juventude de Idanha-a-Nova, com grandes pergaminhos na produção teatral (ver aqui e aqui) e com vocação para levar cultura às populações do concelho, também como forma de atenuar o isolamento que grassa nas zonas do interior, merece, de facto, o aplauso de todos.

segunda-feira, junho 2

ROSA D' ALBARDEIRA


Rosas d’ albardeira *(Paeonia broteri)

Esta belíssima flor, que alguns classificam de ornamental, desejada como planta de jardim, é, na verdade, muito melindrosa e pouco dada a manipulações e transladações para fora do seu habitat predilecto. Talvez por esta razão a sua sobrevivência se encontre ameaçada.
Se em tempos idos, antes da capitulação da agricultura tradicional que deixou os terrenos por amanhar, a criar mofedo daninho,  e das alterações climáticas (principalmente as secas agressivas) destruidoras do ecossistema do montado, eclodia espontaneamente sob o folhado que coalhava debaixo de cada azinheiro. Por aqui, hoje apenas se pode encontrar na Morracha em lugar restrito e de bem difícil acesso.
A sua efémera floração ocorre na Primavera em período das festividades por cá celebradas (Senhora do Almortão, Senhora das Cabeças, São Domingos), o que fazia desta flor invulgar uma planta de quase culto, respeitosamente colhida para decorar os andores dos santos protectores ou enfeirar os arcos das carroças, engalanadas por ocasiões de ida do povo às romarias.

Nota: As fotografias que constituem este slide show foram tiradas em períodos diferentes durante a floração da Rosa-albardeira nos anos de 2012, 2013 e 2014.


* As características científicas da Rosa Albardeira (Paeonia broteri) podem se vistas aqui (http://pt.wikipedia.org/wiki/Paeonia_broteri)