sábado, setembro 30

26-2006: No rescaldo da festa I V

Festa de 1986 com a actuação do rancho de Toulões, orientado pelo ti Pedro "Castanho" que, com a colaboração de algumas pessoas, o conseguiu manter vivo durante cerca de dois anos.
Com esta quarta e derradeira entrada, termina o rescaldo da festa de verão que incidiu essencialmente sobre as suas particularidades pagãs, já que a parte religiosa era, e continua a ser, semelhante a tantas outras.
Talvez a merecer algum destaque e que, neste aspecto, tornava Toulões diferente das demais aldeias (pelo menos da grande maioria), era o leilão dos "banzos" dos andores e das bandeiras com que se fazia a procissão e cuja receita revertia para ajudar à realização da festa.
Com frequência havia acesos despiques entre os licitadores que, tentando a todo o custo cumprir uma promessa, pagavam o que fosse necessário para manifestar a sua fé e ser parte activa na procissão que percorre as ruas do povo.
Mesmo pagando, as bandeiras e os andores não davam para as encomendas.
"Mudam-se os tempos mudam-se as vontades".
Este costume, certamente por défice de devoção, entrou em desuso em meados da década de 80 e desde então, mesmo sem leilão, com alguma dificuldade se arranjam voluntários que queiram preencher as vagas em aberto e participar na procissão, transportando seja que imagem for.
Bom, mas vamos ao arraial.
Noutros tempos não havia conjuntos musicais.
Os arraiais eram abrilhantados pela aparelhagem e por tocadores de acordeão, os "cordionistas".
O homem da aparelhagem foi durante anos o senhor Silva de Tinalhas.
Já era considerado um homem da terra pela simpatia e pela seriedade com que lidava com todos, assim como pelo empenho que punha no seu profissionalismo.
Chegava com sua camioneta, ia cumprimentar os festeiros e com os dois altifalantes amarrados no tejadilho, que mais pareciam clarins a anunciar a boa nova, em dose dupla, ia dar a volta pelas ruas para avisar da sua chegada.
Era um primeiro exalar de cheiro a festa.
Toda a canalha, numa agitação provocada pelo nervosismo da impaciência, ia aderrabo daquela charanga ambulante. Os festeiros, também a acompanhar, lá iam para uma última ronda relembrar aos retardatários da quase obrigatoriedade de pagar para a festa, contribuindo na ajuda à sua realização.
E dos esquecidos, ou que se faziam, não rezava a "listra" dos beneméritos, da qual, era quase certo, a menos que houvesse voluntários, de entre os poucos inconstantes, três eram nomeados festeiros para o ano seguinte.
E desonra lhes cairia sobre o nome se se negassem!
Entrementes, o adro era enfeitado com arcos floridos, com serpentinas e com "fitas" que as raparigas briosa e dedicadamente faziam com tiras de papel de todas as cores coladas numa guita. Fazendo lembrar as velhinhas dobadouras do linho, iam sendo enroladas em volta de uma cesta para evitar emaranhos e seguidamente suspensas de um lado para o outro da rua, unindo as casas pelos beirados, como que a querer remendar a ralação entre as famílias, por vezes desavindas.
A festa também apelava à união.
"Estendiam-se as luzes". Gambiarras com dezenas de lâmpadas, cruzavam-se com os restantes enfeites, mas só produzindo o seu efeito depois de cair a noite.
Era como se o céu estrelado estivesse mesmo ali ao alcance da nossa mão.
Nesse tempo ainda a iluminação eléctrica, que desconfiadamente embisgava o olho à tecnologia luminotécnica, e se via negra para rasgar a escuridão, não tinha chegado a Toulões.
As ruas eram alumiadas apenas nas noites de luar.
A luz que brilhava no arraial, era produzida por um gerador que ficava até de madrugada, de castigo, a gemer atrás da igreja.
Ideias iluminadas de galfarrotes.
Uma vez o Zé Fô, que tinha a fama de um malino e a curiosidade de um engenhoso, abrigado pelo lusco-fusco que o escondia do frenesim do adro, lembrou-se de verter águas sobre o escape do motor-gerador, para ver o efeito da lufada de vapor que aquilo fazia.
Apanhado à falsa-fé por um encosto do colega do lado, um movimento mais desajeitado obrigou-o a direccionar o jorro sobre o cachimbo da vela de ignição. Para além do esticão que apanhou na "betchola", abafou o pavio, deixando o arraial às escuras e os dançarinos a inventariar as constelações.
Para quem namoriscava pela surra era a oportunidade para fazer brilhar a sua estrela.
O burburinho do costume.
O que é que foi, o que é que não foi?
O desinquieto do Zé, que era d’ orêlo, desabelhou logo dali para fora com os amigos, deixando a responsabilidade ao abandono. É que ser apanhado pela patrulha dava, no momento, sete e quinhentos de coima por ter urinado na via pública e ao chegar a casa ainda ganhava uma valente orelhada do pai para recuperar o prejuízo.
Aqui a autoridade era imposta, era mantida e, sobretudo, era respeitada.
Pouco depois foi o regresso à normalidade.
Siga a dança qu’o tocador é homa (homem) de confiança!
O tocador era quase sempre o do ano anterior. O Sr. Alziro da Orca ou um do Salgueiro do Campo, cujo nome, perdoem-me, se me varreu da memória (um homem também não se pode alembrar de tudo).
Ambos eram bons. Fosse qual deles fosse, sacava do repertório de êxitos da Eugénia Lima, do Filipe de Brito ou outros bem populares que guardavam no ouvido e que, com uma destreza estonteante, lhe saíam pelas pontas dedos, punham uma multidão a contribuir para prosperidade dos filhos dos "Sapateiros" cá da terra.
Quando o tocador descansava, entravava a aparelhagem. Para além de outras sanfonadas, dançava-se ao som dos discos da Maria Albertina ou do António Mafra, que naquela altura punha meio Portugal à espera do "carteiro da 9 para as 10".
Enquanto um povo esperava, outro desesperava.
No arraial, só música nacional. Esporadicamente se ouviam estrangeiradas.
Música inconveniente, para o status vigente, ouvia-se recatadamente lá por Lisboa por mancebos que gostavam dos Beatles e dos Rolling Stones e que, tal como o rapaz americano de canção da Joane Baez, viviam descontentes com o nosso Vietnam.
Aqui, apenas o Josélito, "El ruiseñor"(rouxinol) da voz de ouro, tinha cabimento. Importado de aqui ao lado e bem aceite por via da empatia transfronteiriça, começava a comover multidões com aquela voz de menino que era, enaltecendo a beleza natural "da Campanera":
"Porque te han pintao las ojeras, flor del lírio real?"
A dada altura, instruído por um dos festeiros lá vinha o sempre prestável Tónho "Santoantónho", com o regador de lata apagar a poeira do terreiro. Interrompendo a dança, de propósito ou não, regava de caminho a planta dos pés dos bailarinos.
Era o momento para respirar fundo e ganhar novo fôlego porque este era também o sinal de que o balho ia atingir o seu auge.
Se para o nosso povo não havia festa sem foguetes, para os Toulonenses também não havia festa sem fandango.
A pedido, o tocador lá ensaiava os primeiros acordes, que depois de encarrilar era coisa para durar "até vir a abó da missa".
Toda a gente o balhava até à exaustão e às vezes mais que uma vez durante a noite. A alameda de pares em que se entrava e saía sem interromper a cadência, por vezes extravazava para além dos limites do recinto.
A circunferência de cadeiras em que descansavam as mulheres mais velhas que vinham acompanhar as filhas e algumas quadrilheiras que rodeavam o adro, era obrigada a abrir alas e dar espaço aos foliões numa alegria contagiante.
Muitos faziam gala em mostrar as suas aptidões de fandangueiro, demonstrando que a coisa era levada a sério.
O fandango tornou-se aqui tradição e ai do tocador que não o soubesse tocar. Era esfandangado sem dó nem piedade.
Estranha-se que uma dança originária de uma região ainda distante como é o Ribatejo, tivesse sido adoptada pelas gentes de Toulões com tão grande entusiasmo.
A razão, sem certeza absoluta, deve-se, num tempo em que o trabalho por aqui não chegava para todos, às campanhas da monda e da ceifa que alguns faziam por terras de gaibéus e de campinos, onde já estava enraizada e já era considerada dos grandes elementos do folclore e da cultura popular do nosso país.
Terminados os festejos era tempo de regressar ao trabalho e retomar o ritmo habitual.
Todo o aparato do arraial fora desmontado. Apenas as fitas colocadas pelas raparigas, ainda ali permaneciam quase até à autodestruição, como que querer perpetuar a festa, evitando a sua queda no precipício do esquecimento.
As guitas, agora despidas dos enfeites, eram agora ponto de encontro das andorinhas que, com a chegada do Outono, ali se reagrupavam e ganhavam alento para continuar o ciclo migratório, levando consigo definitivamente a alegria da festa que era trazida de volta no início de cada Primavera.
INTÉRPRETE PARA FORASTEIROS
aderrabo (ir ou andar a); perseguir, andar atrás de
balho – balhava; baile - bailava
betchola; pilinha
orêlo (ser de ou ter); ser expedito, perspicaz, manhoso, desenrascado
embisgava; de embisgar – piscar olho ou franzir o sobrolho
esfandangado; de esfandangar – despedaçar, esfarrapar, destruir
à falsa-fé; à traição, ser enganado, premeditadamente
galfarrote; rapaz buliçoso
malino; velhaco, mal intencionado, malicioso
quadrilheiras; alcoviteiras
sanfonadas; de sanfona – harmónio, concertina

sexta-feira, setembro 29

25-2006: No rescaldo da festa I I I

Fogo preso no Largo do Poço da Malhadinha (1980).
(comparar com a foto do post anterior que contém o endereço da Arca)
O vento da desertificação, que há anos assola esta região levando para outras paragens os filhos por aqui nascidos e por aqui criados, sabe-se lá com que dificuldades, foi para muitos o vento da mudança. Esse mesmo vento devolveu agora às origens alguns menos resistentes ao sopro de saudade, para aqui passarem o resto dos seus dias, usufruindo de algum bem-estar que conseguiram, subindo a pulso a corda da vida.
São estes "novos" residentes que agora vão dando algum safanão no marasmo, evitando o adormecimento completo da rotina.
Hoje, depois de alguma observação aqui e ali pelo ambiente festivo, verificamos que na organização das festas de aldeia há menos improviso.
As coisas já são tratadas com regra, havendo manifesta preocupação com os requisitos mínimos de salubridade e segurança, com os aspectos legais do evento e, quase se pode dizer, existe um protocolo conduzido por profissionais do espectáculo que, apesar de haver cada vez menos gente nas aldeias, mantêm o negócio em crescendo. As animações já são feitas com recurso aos mesmos equipamentos tecnologicamente sofisticados que nas cidades.
Ele é o conjunto psicadélico para o baile com luzes strob e sons do outro mundo.
Ele é o "cantor" que parece que canta mas não canta porque o playback milagrosamente lhe alivia a forte rouquidão que escondia antes de se iniciar o espectáculo.
Ele é o homem dos sete instrumentos que antigamente, qual bobo, se desunhava para esfarrunchar uma moda qualquer em que hoje, sóbrio, consegue, com um só instrumento, produzir música equivalente a uma orquestra sinfónica.
Ele é tanta coisa.
Enfim!, tudo mudou.
Mesmo o fogo mudou. O fogo preso vem agora com ignição electrónica e comandado à distância, fazendo jus aos magníficos espectáculos da Expo 98, que, em comparação, quase nos levam a crer que tudo não passava de uma fraude.
Diz o ditado que "não há fumo sem fogo". A verdade é que sem fogo também não há festa. Pelo menos não havia, porque este ano os mais velhos ficaram completamente desacorçoados.
Habituados a apreciar os espectáculos pirotécnicos, estranharam a falta de foguetório por não se terem inteirado das leis que vieram restringir o seu lançamento como medida de prevenção para os incêndios florestais.
As leis fazem-se e são para cumprir, mas quantas vezes nos apetece infringi-las de tão patéticas que parecem.
Qualquer foco de incêndio com origem no lançamento de foguetes não é tão perigoso como o querem fazer crer. É verdade que o risco existe, mas com tanta gente por perto, e de sobreaviso, rapidamente se retesam as rédeas à ala impedindo-a de desalvorar a galope.
Bem perigosos, esses sim, eram o balões de mecha que, lançados ao Deus dará, pairando efemeramente no ar, por vezes caiam, ainda incandescentes, em locais aonde não se podia acudir atempadamente.
Agora foguetes?
E se havia descargas!
Elas faziam o regalo dos garotos que palmilhavam aqueles campos, todos relampantes, a apanhar as canas como numa rebatina e por fim, pouco preocupados com o maltrato da jaja nova estreada nesse dia, regressavam pelos caminhos ao rebusco das últimas amoras silvestres que aromatizavam o verão.
Era pelo lançar do fogo, cujo troar ecoava decidido pelos céus das redondezas que, como que um convite, se anunciava a festa às povoações vizinhas.Pelo tempo que durava a descarga media-se a prosperidade das gentes das aldeias que tinham orgulho na sua festa.
Por vezes até havia excessos.
Era festeiro o ti F'cisco N. para quem a fartura era sempre proporcional à sua envergadura, tanto fisica como moral. Aquele homazarrão estava sempre disponível para ajudar fosse quem fosse e era de uma rectidão linear. Com ele tudo tinha de ser como é dado.
Nesse ano encomendou-se uma fortuna em foguetes que excedeu largamente o padrão habitual.
Para o ti F’cisco, grande devoto de Santo António, a despedida do santo no final da procissão tinha de ser digna e ficar na memória de todos.
Logo ao romper da manhã, como de costume, era deitada a alvorada que acordava este mundo e o outro com as estridências daquela salva contínua.
Perdendo a noção a tamanha quantidade de foguetes, ao ouvir um tão prolongado estralejar, pensando trata-se de um descontrolo dos fogueteiros, foi-se a eles como gato ao bofe pedir contas pelo esbanjamento.
Sai de casa à pressa atrapalhando a mulher que, àquela hora, já compunha a colcha de seda na janela fazendo contrastar o vermelho sanguinho com a parede branca acabada de calear, embelezando e enobrecendo aquele lar a fim de receber condignamente a procissão que lhe passaria à porta.
Danado com os homens do fogo, por entre descomposturas e impropérios, ele que até não era de faltas de respeito, no meio do descontrolo sai-se ele com esta blasfémia que deixou toda a gente embasbacada:
- Agora gastandas (gastais) os foguetes todos duma vez e logo, ao recolher da p'cissão, dêtéis (deitais) merda ó santo!?
Mas foi apenas fogo de artificio!
Neste quadro de mudança, a única coisa que se vai mantendo inalterável é a carolice e o voluntarismo dos festeiros que se esforçam em não deixar morrer as tradições da sua terra, de forma a que a festa se vá fazendo ano a ano.
INTÉRPRETE PARA FORASTEIROS
ala; chama
desacorçoados; desiludidos, tristes
esfarrunchar; tocar um instrumento ou fazer qualquer coisa para a qual não se tem aptidão
homazarrão; homem corpolento, homem com muita força
jaja; roupa de criança
rebatina; apanhar caisas do chão ao desafio
relampantes; alegres
retesam; de retesar - tornar tenso, esticar

quarta-feira, setembro 13

24-2006: No rescaldo da festa I I

Largo do Adro

Largo do Poço da Malhadinha
Ainda no rescaldo da festa, e desanuviando a neblina que nos turva a memória, ficam a descoberto outras histórias que marcaram muitos de nós.
Desde há pouco mais de meia dúzia de anos que as festas de Toulões se realizam na Terra da Cadela.
Aproveitando um ringue construído uns anos antes para suprir a carência de infra-estruturas desportivas para a juventude, (a destempo, já que quando havia rapaziada para jogar à bola, em qualquer parcela de lameira por amanhar se improvisava um campo de futebol e agora, que a aldeia está despovoada, fez-se um ringue para estar às moscas durante o ano, servindo apenas alguns dias durante o verão aos netos cá da terra que ainda vêm vindo visitar os avós), a autarquia, bem ou mal, associou ao ringue umas instalações para a realização das festas.
Essas instalações foram apetrechadas com todas as comodidades - palco com camarins para os artistas, casa para "comes e bebes" com resguardo para grelhador, balcão com telheiro e nem a "cantareira" para as prendas da quermesse ficou esquecida. Enfim, tentou-se dar mais utilidade àquele espaço e dignificar o trabalho de quem graciosamente se disponibiliza para fazer com que a tradição não desfaleça.
É certo que – e é caso para dizê-lo – "só serve uma vez por festa!". Mas esta iniciativa permitiu retirar a parte pagã das festividades do adro da igreja já que por ser um espaço bastante acanhado, em que, naqueles três dias, em termos de circulação de veículos, a povoação ficava partida ao meio, separando a Malhadinha do Cimo do Povo.
Como a mudança traz sempre resistência, a quebra deste hábito muito antigo chegara a gerar algumas guerras fratricidas.
Por mais de uma vez, festeiros com maior espírito de iniciativa, tentaram levar a festa para espaços mais amplos como eram o Largo do Poço da Malhadinha (chegou mesmo a esquiçar-se um plano que previa a construção do palco sobre o poço público que dá o nome ao largo, em vez de utilizar, como habitualmente, os reboques dos tractores) ou o Terreiro das Baraças, que apenas perdia por ser ligeiramente mais inclinado, mas, opiniões divididas, falta de consenso, as vozes discordantes levaram sempre a melhor.
Era a tal história: "Todos concordavam em mudar a festa de sítio desde que fosse para a porta do vizinho" por isso, lá continuou anos sucessivos encafuada na exiguidade do adro.
A solução encontrada de mudar a festa para fora do casario, foi de se lhe tirar o chapéu, mas, mesmo assim, os mais antigos e mais apegados a valores religiosos, não viram com bons olhos a nova localização.
É que o nome "Terra da Cadela", que por si só já era um valor, não podia ser evocado em vão em memória dos entes queridos dos Toulonenses que lá repousam.
Para todos os homens que, ao passar à porta do cemitério, repetiam o gesto que aprenderam desde criança, de descobrir a cabeça e se benzer em sinal de respeito pelos que já se foram, tirar o chapéu à decisão tomada era apenas para considerar a festa, naquele local, um fúnebre acontecimento.
O mesmo para as mulheres que, por uma razão comum carregavam o luto toda uma vida, se persignavam ao passar, baixando a cabeça e evitando olhar através das grades impedidas por uma consciência providencial, seria uma triste alegria.
Mas como diz o povo:
"Meu amigo, a cevada não é trigo e com o devido respeito, fez-se?... está feito e o que se fez tem jeito" portanto...
A vida continua e a tradição também!