segunda-feira, janeiro 16

Memórias curtas - As Janeiras às portas da Europa



Diz no livro das tradições que as Janeiras, cantar as Janeiras ou "cantar os Reis" é uma tradição que consiste no cantar de músicas pelas ruas por grupos de pessoas anunciando o nascimento de Jesus, desejando um feliz ano novo. Esses grupos vão de porta em porta, pedindo aos residentes as sobras das Festas Natalícias. Hoje em dia, essas 'sobras' traduzem-se muitas vezes em dinheiro.


É para cumprir com esta tradição, sobretudo com o sentido "nas 'sobras' traduzidas muitas vezes em dinheiro", que os nossos governantes, PMs e PRs que sucessivamente se vêm sucedendo, todos anos, pelos Reis, recorrem também ao tradicional marketing politico-etnográfico, convidando grupos de cantares para a pretexto das janeiras, através da televisão, entrarem em casa do cidadão comum, este ano a exigirem as sobras dos subsídios de férias e natal. Bajuladores, embebedam o povo com doses de esperança e optimismo, com o mesmo sofisma com que se embebedam os perus em vésperas da consoada, e depois, com a gula das rapinas esvaziam a vida de cada um, não dando margem a protestos. Este ano, ainda mais exigentes no pedido, fizeram constatar que a colecta não deverá render para os gastos.
Assim sendo, para voltar a encher o celeiro da economia, gasto a alimentar o monstro, resta ao PM, com a sua falta de jeito para cantorias, por a equipa governativa liderada por um MF, caçador de fantasmas, a ornear as janeiras às portas da Europa, sabendo de antemão que a mandona da dona Troika dá uma salsicha a quem lhe der um porco inteiro.
O magro produto do peditório, junto com os nossos impostos, servirá para encher chouriços à tripa-forra, temperados com loureiro de Cabo Verde, sumo de lima criada a custo no planalto transmontano e fumados com folha de oliveira da costa.
O fumeiro, reserva para alimentar toda a família lusa, será dizimado por alguns que, por antecipação e sem trabalho nem sacrifícios de permeio, se digladiam pelo melhor quinhão, tal como aconteceu à cesta das janeiras do ti Bartolomeu Cego, quando uns cães de pastoreio lhe entraram casa adentro e pela surra lhe derriçaram o que de melhor tinha granjeado graças à solidariedade dos conterrâneos.


A estória virá brevemente no próximo post.

3 comentários:

Fátima Pereira Stocker disse...

Caro Chanesco

A tristeza é tanta por causa do nosso estado, que nem me apetece comentar este artigo. Espero pelo próximo, que já anunciou.

Um grande abraço

Idanhense sonhadora disse...

Olá veginho Chanesco...Seja bem aparecido . Quanto ao nosso país à beira -mar plantado ,a situação não parece das melhores ,não....Mas enquanto à vida à esperança e como diz o nosso povo "nem que seja um pontapé na pança!!!!"No entanto , pontapés já nós estamos a levar....Enfim ....nem sei que lhe diga ....talvez a Senhora do Almotão nos acuda....
Vá dando notícias
Muntas recomendações
Quina

Chanesco disse...

Fátima e Quina

De facto este meu desabafo, já de si um comentário, pouco vale comentá-lo.
O que eu sinto é que nenhum português honesto merecia o que lhe está a acontecer!
Os que poderiam e deveriam resolver – vá lá , minimizar – esta crise, com grandes quotas de culpa por ela existir, protegidos por uma justiça fictícia, arranjam forma de se demitirem da responsabilidade de ter de reparar os danos, fugindo e não pagando.
Depois admiram-se que o povo ande desiludido e indignado.

Um abraço