terça-feira, novembro 13

Memórias curtas 11 - Responde o tempo que passa



Responde o tempo que passa

Pergunto ao tempo de outrora
P’la força do meu egrégio povo
Tanto trabalho que o devora
Há um Estado que o explora
Para bem dum Estado Novo
 
Pergunto ao tempo que passa
Pelos cravos da democracia
Caça-se o voto com negaça
E o povo rende-se na praça
Às ilusões da burguesia
 
Pergunto ao tempo há-de vir
Pelas cores da minha bandeira
Há meia haste para brandir
Fala-me de um Hino a falir
E dum idioma sem fronteira

Pergunto ao tempo da razão
Pela verdade na justiça
Quanto valerá a rectidão
Se a mentira lavra a tostão
Emparelhada com a cobiça

Pergunto ao tempo perdido
Pela gente do meu do meu país
Fala-me de um povo esquecido
De um povo sem apelido
Filho duma árvore sem raiz

Pergunto ao tempo caduco
E de Portugal, que se espera?
Fala-me dum Estado eunuco
Dum povo a cantar de cuco
A anuciar nova Primavera

Toulões, Outubro de 2012

3 comentários:

Fátima Pereira Stocker disse...

Meu caro Chanesco

Gostei desta sua incursão nas fórmulas da poesia. Não nas fórmulas poéticas, porque poética é toda a prosa que nos tem oferecido.

Verifico que o tempo, apesar das desgraças, lhe afiança que haverá um renascer porque, tal como no poema de Manuel Alegre, (que me fez lembrar)"há sempre uma candeia". Assim seja!

Um abraço

Idanhense sonhadora disse...




Pois é veginho , desconhecia-lhe essa veia poética que lhe vai muito bem .Continue , continue , que gostaremos de o ouvir cantar "ao tempo que passa "1
vegitas

Chanesco disse...

Fátima, Quina

Estes versos foram feitos assim à maneira de como quem diz:
Quem não tem que fazer faz colheres

Obrigado pelo apreço
manifestado.

Um abraço