domingo, julho 27

DITOS & DITADOS - Quadra

Silveira no Ribeiro de Cunha (ao Raposo) - 2013

O Rosmaninhal se queixa 
De não ter moças formosas
Vinde à aldeia de Toulões
Onde até as silvas dão rosas

(Popular de Idanha-a-Nova - adaptado)

5 comentários:

Chanesco disse...

A quadra no seu original

O Rosmaninhal se queixa
De não ter moças formosas
Vinde à vila da Idanha
Onde até as silvas dão rosas

Idanhense sonhadora disse...

Pois Chanesco , é só um acertozinho nos 2 últimso versos da quadra no que se refere ao "conteúdo "e à métrica ....Assim é :
" Ir à vila da Idanha
Qu'até as silvas dão rosas"
EH!!!EH!!!!
Vamos até lá ?
Um abraço
Quina

Anónimo disse...

Pombares foi o lindo lugar, aninhado numa prega de relevo áspero, pontilhado de pequenos outeiros cheios de verdura que exalam frescura e se estendem a perder de vista ao redor do cume da serra da Nogueira, aonde eu nasci! Desde garoto, sempre acalentei o sonho de um dia poder tomar posse como DUX, por nomeação do Magnífico Reitor, no Salão Nobre do Palácio do Alto Comissariado das Praxes Académicas da Baixa Lusitânia, Algarves e Terras Altas de Miranda do Douro.
Naqueles tempos de ditadura férrea, os rapazes da aldeia tinham projetos de vida muito diferentes do meu: o Nuno Pereira queria ser fuzileiro como o seu tio Afonso de Albuquerque, porque na primária incutiram-lhe na cabecinha a ideia de que Angola era nossa e os terroristas que matavam os brancos eram maus; o Bernardo de Alarcão dizia que quando fosse grande haveria de ser modelo numa casa de moda da baixa, como a sua tia Gertrudes de Menezes que até tinha desfilado uma vez, na presença do Chefe do Estado, no terreiro das buganvílias, na Quinta dos Patinhos; o Herculano Ferrão aspirava a ser Presidente Executivo do BES, porque assim levaria muito dinheiro para casa; o Anacleto Gonçalves levantava o dedo antes de dizer que se via, no meio de um campo de futebol, a dar pontapés e cabeçadas numa bola, até que daí saísse mais dinheiro do que o que ele conseguia arrancar à sacholada na terra que o viu nascer; o Joaquim Salgado era famoso pelos petiscos que nos confecionava com perdizes e coelhos bravos, todas as terças e sábados, no forno a lenha de ferro forjado, na cozinha do caseiro Vasco Pimentel da Quinta dos Tordos, e, como só vivia para aquilo, queria ir para a cidade onde poderia vir a ser um grande chefe de alta cozinha; o Bento Carvalho era mais para cantar e, em noites de lua cheia, ouviam-se a mais de três léguas os seus trinados maviosos que ecoavam harmoniosamente pelas quebradas do sertão; o Fábio Lúcio esperou durante uma década pela carta de chamada de um tio, que morava em Lisboa, no Campo das Cebolas, que lhe prometera um lugar de figurante na televisão, onde, acompanhado por indivíduos parecidos consigo, faria figura de parvo, e a carta, um dia, acabou por chegar… Quem diz estes rapazes mais chegados e da minha criação, poderia dizer muitos mais que, largando as saias das mães, abriram as camisas de linho branco, dando o peito ao vento gelado que sopra do alto da serra e partiram à procura da estrela boieira, porque nesse tempo a terra fervilhava de gente, mas também tinha muito gado bovino.
“E hoje a praxar não posso esquecer a União de Freguesias de Rebordainhos e Pombares que me viu nascer”. Foi muito bonita a cerimónia secreta da minha tomada de posse como DUX da Comissão de Praxe do Departamento de Práticas e Saberes Agrários do Instituto Politécnico de Freixo de Espada à Cinta e Trás-os-Montes e Alto Douro.
Já empossado, num dia de sol primaveril, pelos idos de maio, apanhei um bando de caloiros que se pavoneavam na Praça do Campo Grande, em Lisboa, e logo ali exigi-lhes imediatamente que, em menos de um fósforo, formassem três linhas paralelas equidistantes e se pusessem todos em posição de sentido como manda a praxe. Então, fui colocar no nariz de cada “bicho” uma bola de borracha vermelha que, quando se apertava com a mão, fazia pó-pó !, e depois lancei uma pergunta cheia de perfídia:
- Para ti, reles caloiro abaixo de rato-chino, o que é um DUX?
Durante uns minutos fez-se um silêncio absoluto entre as fileiras dos caloiros, mas depois uma praxada em sapatos de tacão alto e com um nariz redondo de borracha vermelha, avançou dois passos e disse em voz alta, que se ouviu em toda praça:
- É UM GRANDE PALHAÇO!
Apanhado de supetão por esta resposta clara, sintética e verdadeira, respondi à letra:
-Pó-pó, Pó-pó, Pó-pó!

Anónimo disse...

Faz me lembrar o tempo da minha juventude quando andava na faculdade

Anónimo disse...

Lugares belos e tradições que traduzem um grande amor à terra. E em estando longe, mais a saudade se faz sentimento.
Abç da bettips