quinta-feira, outubro 14

17-2010: Dia Mundial da Mulher Rural

Desde 1995, aquando da realização da 4ª Conferência das Nações Unidas em Pequim, que o dia 15 de Outubro foi institucionalizado como dia Mundial da Mulher Rural, "uma forma de consciencializar a opinião pública mundial acerca do papel da mulher rural no fortalecimento da sociedade, da economia no geral, e das famílias em particular."
Numa breve pesquisa no Google, verifica-se que exceptuando a Espanha (único país europeu referenciado pelo mototor de busca), país onde a comunidade rural esta bem organizada e onde é dado algum destaque à importância mulher no meio rural, os países onde esta efeméride é celebrada, cerca de 100, talvez com excepção do emergente Brasil, são países pobres de África, Ásia e América do Sul. É nesses países, onde as populações revelam maiores dificuldades para conseguir respirar no meio subdesenvolvido em que vivem, que a mulher é considerada o elemento primordial na luta contra a fome e a subnutrição.
Por cá, neste rectângulo de terra quase a cair ao mar, o dia Mundial da Mulher Rural tem desde entao passado completamente anónimo.
Ou os governantes, que se vêm sucedendo, e que deixaram a nossa economia dependente essencialmente do sector terciário, a viver de serviços e negociatas pouco claras, que busca lucros rápidos sempre sujeitos à supervisão do mamão estrangeiro, não reconhecem na ruralidade a importância que lhe deve ser atribuída, ou se sentem constrangidos por eles próprios a terem deixado entrar em declínio até ao abandono completo.
Talvez por esta visão condicionada entre palas de muar, imposta pela UE e direccionada para um futuro incerto, com estudos e projectos de revitalização agrícola que não saem do papel, também não lhes permite ver nas mulheres que ainda resistem a viver no meio rural, a capacidade e o mérito de poderem contribuir para a melhoria da nossa economia.

No que à mulher beirã diz respeito, abnegada, forte, que sobrevive do meio rural na luta por melhores dias, os nossos governantes não vêm nela a verdade reflectida no refrão da cantiga que identifica as mulheres desta região:

Eu nasci na Beira
Sou mulher pequena
Sou como o granito
Bem rija e morena

14 comentários:

Fátima Pereira Stocker disse...

Meu caro chanesco

Os nossos governantes não se sentem constrangidos porque foram eles que mataram o nosso mundo rural, deliberada, metódica e eficazmente.

Eu nem sabia que existia um dia dedicado à mulher rural. Embora me confesse pouco adepta dos dias dedicados, saúdo este porque assinalou o seu regresso ao nosso convívio.

Um grande abraço

Joaquina Salgueiro S.C. disse...

Bem vindo «vezinho» Chanesco , como se diz na nossa região «tardou mas arregaçou ». Fiquei pois de queixo caído com o seu artigo . Se me permite , subscrevo todas as suas palavras ou não seja eu uma mulher beirã. Assim só posso dizer, BEM HAJA!
Sua «vezinha»
Xquina

Chanesco disse...

Minha caríssima Fátima

O que quiz dizer, referindo os constrangidos, é o embaraço visível em alguns responsáveis pelos destinos da actividade agrícola deste concelho quando por aqui se apresentam em reuniões e seminários e são confrontados cara a cara com quem enganaram descaradamente ou com contradições relativas ao que anteriormente foi dito por eles próprios ou por outros com responsabilidades semelhantes.

Quanto ao regresso ao convivio vai sendo dificil mas espero ir mantendo o contacto.

Um abraço


Minha cara «vezinha» Xquina

O "tardou mas arregaçou" diz-se em Toulões também para eveidenciar o facto de um noivo tardio (ou noiva) ter conseguido um bom "partido".

Quanto ao artigo, é fruto de alguma indignação para com quém tem responsabilidades sobre o zelo pelo bem estar das populações desprotegidas do interior e não cumpre com elas.

Um abraço

Joaquina Salgueiro S.C. disse...

Vezinho Chanesco , não supõe como mais uma vez estou de acordo consigo.
Aliás às vezes até me correm as lágrimas quando olho a nossa campanha ...
Quanto á expressão na Idanha.a.N. significa algo que demorou muito a ser feito mas o foi muito bem...
e vá dando notícias,
Xquina

Al Cardoso disse...

Sem as mulheres rurais ou nao, nao haveria homens, e vice versa!

Creio que e uma efemeride com significado, mas como ja sao tantos os "dias mundiais e nacionais", que tendem a cair no olvido.

E necessario ter uma boa cabeca, para dar conta de todos eles!

Um abraco de amizade dalgodrense.

eddy disse...

Armando, importantissimo!!!
A foto das duas mulheres está soberba!!!

Um abraço

Chanesco disse...

Eddy

É importante dar voz a quem não a tem, embora aqui, tenho plena cosciência disso, a tentativa tenha pouco, ou nenhum significado.
Quanto à foto: às vezes saem.

Um abraço

Joaquina Salgueiro S. C. disse...

Veginho Tchanesco , anda mesmo descrente na humanidade .... Conseguiu bater-me em pessimismo ; pensava eu que era doutorada em análises que conduzem ao vislumbre de catástrofes ... Mas , lá terá as suas razões ... No entanto ,que a foto está que é uma maravilha ,está . Sabe, quando a vi a 1ª vez ,pensei estar face a um quadro de algum mestre holandês . Olhe que não estou a dizer isto para o animar , é mesmo a mais pura das verdades .
Bem , de facto tem razão quando fala no esquecimento a que a nossa região e a nossa gente estão votados . Ás vezes fico tão revoltada que acabo a barafustar com tudo e todos . Mas ,sabe já tenho tido aos mais novos da família : protejam bem o que têm na Beira , porque vocês ainda acabam todos a fugir para lá .... Sabe , é aí que começa «o novo amanhecer » que referi no meu blog ...
Vegitas cheias de ânimo
Xquina

Tozé Franco disse...

Ora viva.
Deepois de grande ausência, espero voltar com mais frequência.
Apesar de haver dias para tudo e mais alguma coisa, pelo menos chama a atenção para os problemas.
Em Portugal o mundo rural está em grandes dificuldades e não vejo sinais de mudança. Outras prioridades se levantam. A modernice saloio não passa pelo campo a não ser que os MAgalhães servissem para aí ganhar votos.
Um abraço.

Fátima Pereira Stocker disse...

Meu caro Chanesco...

... ao menos um artigozinho sobre o Natal. Vá lá! Pode ser só fotografia, daquelas que tem no seu arcaz...

Desculpe o atrevimento, que vem de lhe sentir a falta.

Um grande abraço

Patch disse...

É bem verdade o teu desabafo e eu, como reles felino de borralho, imagino que , para os governantes, as mulheres rurais sejam uma espécie em vias de extinção, ou, tão importantes como ...eu, já que,pela estatística já não procriam e só dão chatices aos serviços de saúde que ainda vão existindo. Um peso, um fardo, um incómodo. P'ra quê lembrá-las??Elas que se ocupem do reumático e façam festas aos bichanos. Ah..e tratem de morrer rápido. Que mania essa de durarem tanto com os ares impolutos dos olivais!

Joaquina Salgueiro S;C: disse...

Pois é veginho Chanesco , como vê todos estão com saudades das suas fotos e escritas . Apareça ...
Xquina

Chanesco disse...

Tal qual, Romeu.
À ruralidade parece estar a chegar a hora da misericórdia.

Chanesco disse...

Fátima e Joaquina

"Bem-hajas vós" pelas palavras de estimulo. A verdade é que a preguiça anda com as ideias um pouco "emperreadas".